
*Manifestantes pintam frase #vidaspretasimportam na avenida Paulista (SP), em protesto pelo assassinato de Beto Freitas, em Porto Alegre – Bruno Santos – 21.nov.20/Folhapress
Estudo aponta disparidade racial alarmante na mortalidade por armas de fogo no Brasil, com foco na desigualdade no acesso à segurança e educação
Homens negros têm três vezes mais chances de morrer vítimas de disparos de armas de fogo do que homens brancos, segundo o relatório “Violência Armada e Racismo: o papel da arma de fogo na desigualdade racial”. O estudo, divulgado nesta terça-feira (20) pelo Instituto Sou da Paz, mostrou que, entre 2012 e 2022, 79% das vítimas de homicídios do sexo masculino no Brasil eram negras.
De 2012 a 2022, aproximadamente 38 mil homens morreram baleados, sendo a faixa etária de 20 a 29 anos a mais atingida (43% dos casos). Contudo, homens de 30 a 59 anos representaram 40% das vítimas. O estudo também destaca o Nordeste como a região mais afetada, com 57,9 mortes por 100 mil homens, seguida pelas regiões Norte, Sul e Sudeste.
Além disso, os dados mostram que 80% das vítimas de disparos não fatais também são homens negros, com maior incidência no Norte e Nordeste. A pesquisa aponta ainda que as vias públicas são os locais mais comuns para homicídios por armas de fogo, representando 50% dos casos e aumentando a sensação de insegurança.
Desigualdade racial e vulnerabilidade social
A coordenadora do Instituto Sou da Paz, Cristina Neme, explica que a maior vitimização de homens negros está ligada à maior vulnerabilidade social dessa população. No entanto, ela destaca que, embora a população negra represente mais da metade do Brasil, essa realidade de desigualdade não mudou. A violência armada agrava essa exclusão social, prejudicando o acesso a serviços básicos, como a educação.
O estudo também revela que as cidades pequenas e médias, com até 500 mil habitantes, passaram a representar 60% dos homicídios por armas de fogo, ao invés das grandes cidades.
Impacto das facções criminosas
A expansão das facções criminosas no Brasil, especialmente no Nordeste, é apontada como um dos fatores que aumentaram a violência nos últimos anos. A disputa por territórios entre essas facções tem contribuído para a alta mortalidade nas comunidades. Entretanto, um relatório do Ministério da Justiça aponta que 88 facções operam no país, afetando diretamente a vida de milhares de brasileiros.
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