
Polícia investiga "fraude de milhões" em convênio com associação privada; cinco prisões são realizadas.
A Polícia Civil realiza, nesta terça-feira (17), a operação “Speedy Cash” para investigar o desvio de R$ 10 milhões dos cofres públicos em Goiânia. O ex-secretário de Saúde Wilson Pollara e o ex-secretário executivo Quesede Ayres Henrique estão entre os alvos da operação. Contudo, a fraude envolve um convênio firmado entre a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e uma associação privada, com intermediação de uma empresa.
Cinco mandados de prisão e 17 de busca e apreensão estão sendo cumpridos em Goiânia e Anápolis. Até as 8h30, três investigados já haviam sido presos. A polícia apura crimes de peculato e associação criminosa, em um contrato destinado à aquisição de equipamentos, serviços móveis de saúde, palestras e pesquisas sobre acessibilidade e avaliação do microbioma intestinal em pacientes com Doença de Crohn grave.
Esquema e Divisão de Atuação
A investigação identificou dois núcleos criminosos:
- Intraneus: agentes públicos atuaram para viabilizar a fraude dentro da Secretaria Municipal de Saúde.
- Extraneus: membros da associação privada e da empresa teriam recebido e se apropriado do montante desviado.
Passo a Passo da Fraude
- 19 de julho de 2024: Quesede Ayres Henrique, então secretário interino de Saúde, recebeu a solicitação do presidente da associação privada para firmar um convênio no valor de R$ 10 milhões.
- Quesede impulsionou o processo sem publicidade, cotação de preços, atestados técnicos ou pareceres da Procuradoria-Geral do Município.
- 25 de julho de 2024: Seis dias após a solicitação, Quesede ordenou o empenho do valor milionário em favor da associação privada.
- 16 de agosto de 2024: Wilson Pollara reassumiu o cargo de secretário e assinou o termo do convênio, ignorando recomendações técnicas para regularização.
- 19 de agosto de 2024: Pollara determinou o pagamento antecipado de R$ 5 milhões à associação privada. A transferência ocorreu no mesmo dia, embora o contrato tivesse prazo de vigência de 12 meses.
A polícia aponta que a irregularidade envolveu, portanto, a apropriação direta dos recursos públicos, com a liberação feita em tempo recorde, sem a menor observância de processos legais exigidos.
O advogado Márcio Cunha, representante de Quesede Ayres, informou que a defesa se manifestará nos autos após ter acesso ao processo. Até o momento, as defesas de Wilson Pollara, da associação privada e da empresa envolvida não responderam aos questionamentos.
Contexto do Convênio
O contrato milionário previa a aquisição de equipamentos de saúde móvel, palestras e pesquisas específicas. Segundo a polícia, mais de R$ 9 milhões foram apropriados pelo núcleo extraneus, consolidando assim o esquema fraudulento.
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