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Comércio de Goiânia enfrenta desafios, mas projeta alta de 8% nas vendas

Setor prevê crescimento de até 8% nas vendas, mas lojistas apontam dificuldades econômicas e alta concorrência.

Os lojistas da região da Rua 44, em Goiânia, estão se preparando para um fim de ano marcado pela dualidade entre expectativas de crescimento nas vendas e os desafios impostos pela economia. Com funcionamento estendido até os domingos, galerias e shoppings do maior polo atacadista de moda do Centro-Oeste esperam atrair mais consumidores em dezembro. Porém, o cenário ainda preocupa parte dos empresários, que enfrentam queda nas vendas presenciais e mudanças no comportamento dos compradores.

Desce o dia 01 de dezembro, a movimentação no polo comercial tem sido intensa, com horários adaptados para maximizar as vendas. As galerias abrirão de segunda a quarta-feira, das 8h às 18h; quintas, sextas e sábados, das 7h às 18h; e aos domingos, das 8h às 14h. A Associação Empresarial da Região da Rua 44 (AER44) projeta que o volume de vendas até o final do ano alcance R$ 1,2 bilhão, representando um aumento de 8% em relação a 2023.

O otimismo é respaldado pelo aumento das compras presenciais, característica típica de dezembro, e pelo fluxo de consumidores vindos da Grande Goiânia, do interior de Goiás e até de outros estados. Para o economista Aurélio Troncoso, da UNIALFA, a proximidade das festas de fim de ano é sempre um alento para o comércio. “Há um aquecimento natural no setor varejista, especialmente em segmentos como vestuário, calçados e eletroeletrônicos”, afirma.

Ainda assim, Troncoso alerta que fatores como inflação, altas taxas de juros e a cautela dos consumidores têm travado um desempenho mais robusto no setor.

Lojistas relatam dificuldades

Apesar das expectativas positivas da AER44, muitos lojistas na região da 44 enfrentam um cenário menos animador. Nathana Jéssica, que há cinco anos administra uma loja de moda fitness na região, afirma que este dezembro está sendo um dos mais difíceis desde o início da pandemia. “As vendas presenciais estão muito abaixo do esperado. O Natal costumava ser um período de movimento intenso, mas este ano está bem diferente”, lamenta.

Para Nathana, a solução tem sido apostar nas vendas online. “Se não fosse o mercado digital, provavelmente teríamos que fechar as portas. O online realmente foi um divisor de águas para nós”, explica.

Weder Barbosa, outro empresário local, reforça que os atacadistas estão mais cautelosos, preferindo reabastecer estoques apenas quando necessário. “Antes, eles compravam em grandes volumes, mas hoje tudo é feito com mais prudência por causa da instabilidade econômica”, destaca.

Feira Hippie também sente o impacto

Na vizinha Feira Hippie, a maior feira ao ar livre da América Latina, os comerciantes também enfrentam desafios semelhantes. Divininho, presidente da Associação dos Feirantes, relata que, embora as vendas tenham melhorado em relação a meses anteriores, o fluxo ainda não é o mesmo de anos anteriores. “Alguns feirantes já esgotaram seus estoques, o que é bom sinal, mas outros ainda não conseguem recuperar o ritmo de vendas que tínhamos antes”, comenta.

Márcio Ramos, que trabalha com enxovais de bebê, é um dos poucos otimistas. “Minhas vendas melhoraram muito neste fim de ano, e espero que 2025 seja ainda melhor”, diz. Já Karla Karolliny, feirante há 20 anos, vê uma mudança drástica no comportamento dos consumidores. “Hoje, 80% das minhas vendas são feitas online, e o varejo tem superado o atacado. Antes, vendíamos bem mais para grandes lojistas”, compara.

A situação na região da Rua 44 reflete o cenário de outros polos comerciais em Goiânia. Na Avenida Igualdade, em Aparecida de Goiânia, e na Avenida Mangalô, na região Noroeste da capital, comerciantes também relatam dificuldades. Daniele Santana, proprietária de uma papelaria, percebeu aumento nas vendas por conta do período escolar, mas avalia que o ano, como um todo, foi abaixo do esperado.

Joyce Melo, gerente de uma loja de confecções, acredita que a insegurança econômica tem mudado a forma como os clientes compram. “A maioria está preferindo pagar à vista e levar menos mercadorias”, observa.

Maria Aparecida, que trabalha com utilidades para o lar, ainda espera uma recuperação nas semanas que antecedem o Natal. “O brasileiro deixa tudo para a última hora. Quem sabe até o dia 25 as coisas melhorem”, torce.

Procon alerta para cuidados com compras

Enquanto lojistas tentam atrair clientes, o Procon Goiás faz um alerta importante. O superintendente Marco Palmer recomenda que consumidores fiquem atentos a promoções enganosas, especialmente nas compras online. “Golpistas usam sites falsos para atrair consumidores desavisados. É essencial verificar a idoneidade do vendedor e desconfiar de descontos muito altos”, ressalta.

Palmer lembra que os consumidores têm direito a consultar o histórico de preços dos produtos e que divergências entre o valor anunciado e o cobrado devem ser imediatamente corrigidas pelo comerciante.

Apesar das adversidades, especialistas apontam que o setor pode se recuperar nos próximos anos com estratégias que incluam maior diversificação, investimentos em tecnologia e melhorias na experiência de compra. Para Nathana Jéssica, a chave está em se adaptar às mudanças. “O comércio tradicional precisa evoluir. Quem não estiver no digital, ficará para trás”, conclui.

Enquanto o fim de ano segue em ritmo de altos e baixos, a região da Rua 44 continua como um termômetro do comércio em Goiânia, refletindo os desafios e as esperanças de empresários e consumidores.

(*) Com informações do Jornal Opção.

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