
Compras emergenciais tentam aliviar crise, mas carência estrutural desafia gestão pública.
A Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS) garantiu, nesta segunda-feira (2), que medicamentos e insumos adquiridos em compras emergenciais chegarão às unidades de saúde até o final desta semana. A promessa surge em meio à crise no sistema público, marcada por falta de profissionais, dívida milionária com fornecedores e pressão popular.
De acordo com a SMS, duas compras foram autorizadas: uma verbal, com validade de 30 dias, para atender as demandas mais urgentes, e outra emergencial regular, com validade de 90 dias, voltada para repor o estoque de itens essenciais em falta. A primeira deve suprir unidades de urgência e emergência já nos próximos dias, enquanto a segunda segue um cronograma administrativo que pode levar até um mês para ser concluído.
Apesar da previsão otimista, a falta de detalhes sobre os medicamentos e insumos gera apreensão entre profissionais de saúde e usuários do sistema. “Promessas rápidas precisam vir acompanhadas de clareza e execução eficiente para realmente resolver o problema”, comentou um servidor da área.
Crise atinge maternidades e UTIs
A crise tem reflexos severos. Três maternidades suspenderam atendimentos eletivos e cinco pacientes faleceram recentemente à espera de leitos de UTI. Além disso, dívidas que somam R$ 121,8 milhões comprometem a relação com fornecedores e o abastecimento de insumos básicos.
A gestão da pasta também enfrenta turbulências. Após a Operação Comorbidade, do Ministério Público de Goiás (MPGO), que expôs irregularidades e prendeu o então secretário de Saúde Wilson Pollara, Cynara Mathias Costa foi nomeada para o cargo. A SMS afirmou estar comprometida com a reestruturação do sistema.
MPGO pressiona por soluções
Em reunião no dia 29 de novembro, o MPGO cobrou ações imediatas para evitar o colapso total do atendimento. O órgão destacou a urgência de medidas para sanar a falta de medicamentos e reforçar o quadro de profissionais nas unidades básicas e de emergência.
Com uma promessa de alívio ainda nesta semana, a população de Goiânia aguarda que as ações emergenciais sejam suficientes para conter a crise que há meses abala a saúde pública da capital.
Veja a nota na íntegra:
Nota - SMS
A respeito da falta de medicação, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) esclarece que, em conformidade com a Procuradoria Geral do Município (PGM) e o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), estão sendo realizadas duas compras emergenciais. A primeira é uma compra verbal, válida por 30 dias, de medicamentos injetáveis e alguns insumos destinados às unidades de urgência e emergência. A segunda consistirá em uma compra emergencial, com validade de 90 dias, para todos os itens em falta.
A diferença entre a compra emergencial verbal e a compra emergencial regular reside no prazo para a aquisição dos produtos. A primeira é realizada de forma imediata, os medicamentos e insumos chegam ainda esta semana, enquanto o processo da segunda transcorre em aproximadamente 30 dias.
Secretaria Municipal de Saúde (SMS)
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