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Desafios de gestão em Goiânia e Anápolis marcam a disputa eleitoral de 2024

Relatório apresentado pelo Tribunal de Contas dos Municípios revela deficiências em áreas essenciais da capital goiana.

Com a aproximação do segundo turno das eleições municipais de 2024, a disputa pela Prefeitura de Goiânia entre Fred Rodrigues (PL) e Sandro Mabel (União Brasil) entra em sua fase decisiva. A corrida eleitoral, além de embates políticos, é marcada por um contexto de grandes desafios administrativos que ambos os candidatos terão de enfrentar. O Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCMGO) entregou na última quinta-feira (17) um relatório detalhando as principais dificuldades que aguardam o próximo gestor. As áreas de educação, saúde, previdência e mobilidade urbana exigem atenção especial, segundo o documento.

Educação: Um sistema sob pressão

Um dos maiores desafios para a próxima gestão será resolver os problemas no sistema de educação municipal. O Plano Municipal de Educação (PME), que deveria nortear as políticas educacionais da cidade, está defasado desde sua última avaliação em 2021. O crescimento populacional e a evolução das demandas não foram adequadamente absorvidos pelo plano, o que gerou um déficit de aproximadamente 10 mil vagas em creches e 8 mil em pré-escolas.

Outro ponto crítico está nas obras paralisadas dos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs), fundamentais para ampliar a capacidade da rede de ensino. A infraestrutura inadequada agrava ainda mais o cenário, o que coloca a educação infantil como uma das principais bandeiras dos dois candidatos. Enquanto isso, a população continua aguardando a criação de novas vagas e a conclusão das obras que já foram iniciadas.

Saúde: A crise no sistema público

A situação da saúde pública em Goiânia não é menos alarmante. Segundo o relatório do TCMGO, a cobertura da atenção básica atinge apenas 54,5% da população, muito abaixo da meta estadual de 72%. Esse déficit reflete diretamente na superlotação das unidades de saúde e no aumento das internações por condições que poderiam ser tratadas de maneira preventiva.

A irregularidade dos repasses financeiros à rede conveniada do Sistema Único de Saúde (SUS) é outro problema que compromete a qualidade e a continuidade dos serviços prestados à população. Ambos os candidatos têm destacado a saúde em suas campanhas, mas a tarefa de reorganizar e fortalecer o sistema será árdua e exigirá uma gestão eficiente, capaz de lidar com a escassez de recursos e a alta demanda.

Previdência: O fardo do Goiânia Prev

Um dos pontos mais críticos destacados no relatório do TCMGO é o déficit atuarial do Instituto de Previdência dos Servidores de Goiânia (Goiânia Prev), que já ultrapassa os R$ 3 bilhões. A próxima gestão terá de lidar com o aumento das despesas previdenciárias e a necessidade de implementar alíquotas suplementares para mitigar o rombo nas contas públicas.

O crescimento do número de aposentadorias e pensões também coloca pressão sobre o orçamento municipal. Sem uma reforma previdenciária robusta, o futuro financeiro de Goiânia está em risco, e ambos os candidatos terão de apresentar soluções concretas para evitar que o déficit continue a crescer, comprometendo a prestação de serviços e a capacidade de investimento do município.

Mobilidade Urbana: Obras paralisadas e desafios estruturais

A mobilidade urbana de Goiânia sofre com obras inacabadas e mal planejadas. O BRT Norte-Sul, uma obra considerada essencial para a cidade, está paralisado, gerando transtornos para os usuários de transporte público e agravando os problemas de trânsito. O projeto, que deveria melhorar significativamente o transporte coletivo, se arrasta há anos sem previsão de conclusão.

Além disso, outras obras importantes, como a Marginal Cascavel e a Praça do Trabalhador, também estão paradas, impactando negativamente a infraestrutura urbana e a qualidade de vida dos moradores. O próximo prefeito terá de priorizar a conclusão dessas obras e reestruturar o planejamento urbano, de forma a garantir maior fluidez no trânsito e um transporte público de melhor qualidade.

Gestão Fiscal: Limite de gastos e reforma administrativa

O relatório do TCMGO também alerta para o aumento das despesas com pessoal, que já atingem 51,94% da Receita Corrente Líquida, muito próximo do limite legal. A situação se agrava devido à dependência financeira da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), responsável por parte significativa dos gastos com pessoal.

Para equilibrar as contas públicas, será necessária uma reforma administrativa urgente, que reduza as despesas e melhore a eficiência dos serviços públicos. Sem essa reestruturação, a capacidade de investimento do município ficará comprometida, limitando a realização de novos projetos e melhorias para a população.

Mobilidade urbana em Anápolis: Outro cenário crítico

Enquanto Goiânia enfrenta seus próprios desafios, a cidade vizinha de Anápolis também se prepara para as eleições, com a mobilidade urbana como uma das principais preocupações. A cidade, que não foi planejada para o crescimento acelerado de sua frota de veículos, vê sua infraestrutura urbana sufocada pelo aumento do número de carros e motocicletas.

Segundo dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), a frota de Anápolis chegou a 325.629 veículos em setembro de 2024, um aumento de 2,54% em relação ao ano anterior. A cidade possui a terceira maior frota do estado, atrás apenas de Goiânia e Aparecida de Goiânia, o que representa 0,78 veículos por habitante.

Esse aumento da frota, combinado com uma infraestrutura viária inadequada, resulta em congestionamentos frequentes e acidentes de trânsito. O crescimento das ciclovias e a criação de corredores de ônibus são soluções propostas pelos candidatos à prefeitura de Anápolis, mas será necessário um planejamento integrado para realmente melhorar a mobilidade urbana e oferecer alternativas sustentáveis de transporte.

Os próximos gestores de Goiânia e Anápolis enfrentarão grandes desafios nos próximos anos. Desde a educação infantil até a saúde e a mobilidade urbana, o cenário apresentado pelo Tribunal de Contas e pelos dados oficiais exige respostas rápidas e eficientes. Os eleitores agora aguardam propostas concretas dos candidatos que disputam os cargos de prefeito em ambas as cidades, na esperança de uma gestão que traga soluções para as demandas mais urgentes e melhore a qualidade de vida nas duas capitais goianas.

Daniela Bragança

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