
Campanha traz à tona a importância da prevenção e relatos de superação como o de um jovem que enfrentou o vírus e o estigma social após ser vítima de um carimbador.
Neste domingo (1º), o início do Dezembro Vermelho em Goiás é marcado não apenas por campanhas de prevenção, mas também pela força de histórias como a de Marcos* (nome fictício), hoje com 23 anos. Aos 19, sua vida mudou completamente após ser infectado pelo HIV em um relacionamento que parecia seguro. Ele foi vítima de um “carimbador”, alguém que intencionalmente transmite o vírus sem informar seus parceiros.
“Eu era jovem, confiava nele de olhos fechados. Nunca pensei que alguém pudesse ser tão cruel. Fui enganado e condenado ao mesmo tempo”, relata Marcos, emocionado.
Do diagnóstico ao preconceito: a batalha dupla
Diagnosticado em 2020, Marcos enfrentou não só o impacto da doença, mas também o preconceito. “Não bastava lidar com a doença, tinha que aguentar os olhares, os comentários. Me chamavam de irresponsável, mas ninguém sabia a verdade”, desabafa.
Rapidamente, ele iniciou a terapia antirretroviral (TARV), tornando o vírus indetectável e intransmissível. Apesar disso, as cicatrizes emocionais permanecem. “O tratamento salvou minha vida, mas as cicatrizes emocionais continuam. Não é só tomar remédios, é sobreviver ao peso de tudo.”
A campanha em Goiás e o alerta à juventude
Neste ano, a campanha Dezembro Vermelho não se limita às ações de testagem e conscientização promovidas pela Secretaria de Estado da Saúde (SES). O objetivo é ampliar o debate sobre a importância da prevenção e do acolhimento das pessoas vivendo com HIV, especialmente diante do aumento de casos em jovens.
Entre janeiro de 2020 e agosto de 2024, Goiás registrou 7.896 casos de HIV em pessoas acima de 13 anos, com destaque para a faixa etária de 20 a 29 anos. Nesse mesmo período, 1.344 mortes foram causadas pela Aids no estado.
Cristina Laval, assessora técnica da Subsecretaria de Vigilância em Saúde, destaca: “É crucial que as pessoas entendam que o HIV é uma infecção crônica, mas tratável. A testagem precoce e o tratamento adequado permitem que a pessoa viva normalmente, sem transmitir o vírus.”
Hoje, Marcos se dedica a alertar outros jovens sobre os riscos de confiar cegamente em parceiros. “O Dezembro Vermelho é uma oportunidade de lembrar disso. Se alguém souber o que passei e se proteger, já terá valido a pena.”
Para ele, a campanha não é apenas sobre prevenção, mas também sobre empatia. “Eu tinha só 19 anos, não sabia o que estava em jogo. Agora, quero que ninguém passe pelo que eu passei.”
Programação do Dezembro Vermelho em Goiás
- 1º Passeio Ciclístico e Caminhada – Um por todos e todos contra a Aids: realizado neste domingo (1º) no Parque Areião, Goiânia.
- Dia D: terça-feira (3), no Ceap-SOL, das 8h às 17h, com serviços de saúde, como testes rápidos para HIV, sífilis e hepatites, exames de ultrassonografia e ecocardiograma.
- Projeto HDT nas Escolas: ações educativas em instituições de ensino, nos dias 4 e 5 de dezembro, com foco na prevenção ao HIV.
A história de Marcos reflete o impacto social do HIV, indo além do aspecto médico. Sua luta é um lembrete de que o preconceito ainda é uma barreira significativa, mas pode ser superada com informação e solidariedade. Neste Dezembro Vermelho, a mensagem é clara: prevenir é fundamental, mas acolher é igualmente necessário.
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