
Comemorado em 20 de novembro, a data homenageia a resistência negra e traz reflexões sobre a luta contra o racismo e as desigualdades sociais.
O Dia da Consciência Negra, celebrado nesta quarta-feira (20), representa muito mais do que um feriado em algumas cidades brasileiras. A data rememora a resistência de líderes e comunidades negras contra a escravidão e as desigualdades, colocando em evidência figuras históricas que inspiram a luta pela igualdade racial no Brasil.
O dia 20 de novembro foi escolhido por ser o aniversário de morte de Zumbi dos Palmares, em 1695. Líder do Quilombo dos Palmares, localizado na atual região de Alagoas, Zumbi é um símbolo de resistência contra a escravidão no Brasil colonial. O quilombo, que abrigava negros escravizados, fugitivos, indígenas e brancos marginalizados, representava uma alternativa de sociedade justa e igualitária.
Zumbi foi traído e morto aos 40 anos, mas seu legado vive como um exemplo de coragem e determinação. Para ativistas como a historiadora Beatriz Nascimento, Zumbi não só liderou um movimento, mas também personificou a busca incessante pela liberdade, um direito negado a milhões de africanos escravizados.
Outras figuras que moldaram a luta negra
Além de Zumbi, a história brasileira é marcada por nomes que contribuíram para a emancipação e fortalecimento da cultura afro-brasileira.
- Dandara dos Palmares, esposa de Zumbi, é lembrada como uma guerreira que também liderou batalhas no quilombo e desafiou o papel submisso reservado às mulheres na época.

- Luiza Mahin, ex-escravizada e ativista, foi uma das líderes da Revolta dos Malês, em Salvador, durante o século XIX. Ela simboliza a resistência feminina e religiosa, já que defendia as tradições africanas frente à imposição cultural europeia.

- Abdias do Nascimento, escritor, político e ativista, foi pioneiro ao fundar o Teatro Experimental do Negro, em 1944, além de ser um dos grandes defensores da implementação de políticas afirmativas no país.

Reflexões sobre o racismo estrutural
A celebração do Dia da Consciência Negra também é um convite à reflexão sobre o racismo estrutural que ainda persiste no Brasil. Dados do IBGE mostram que negros representam a maioria da população brasileira, mas ocupam a menor parcela nos postos de trabalho formais, na política e em cargos de liderança.
Para o antropólogo e doutor Daniel do Santos, a desigualdade racial no Brasil é fruto de séculos de escravidão e da falta de políticas reparatórias no período pós-abolição. “A luta pela consciência negra é sobre a reparação histórica e a criação de oportunidades. Não é possível falar de democracia sem abordar as desigualdades que afetam a maioria da população”, afirmou.
Apesar das dificuldades, o movimento negro tem acumulado conquistas importantes. A aprovação da Lei 10.639/2003, que tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas, é um marco. Políticas de cotas raciais também têm gerado impacto, ampliando o acesso de negros às universidades e ao mercado de trabalho.
Por outro lado, ainda há muito a ser feito. “É necessário enfrentar a violência policial, o genocídio da juventude negra e a sub-representação política. A consciência negra não é só para os negros, é para toda a sociedade brasileira”, reforça Sueli Carneiro, fundadora do Geledés — Instituto da Mulher Negra.
Celebrar e resistir
O Dia da Consciência Negra é, ao mesmo tempo, uma celebração da cultura, da identidade e das contribuições do povo negro ao Brasil. É também um momento de resistência, uma oportunidade para revisitar o passado e planejar ações para construir um futuro mais justo e igualitário.
Enquanto Zumbi dos Palmares é homenageado, sua luta e de tantos outros heróis, continua viva. Afinal, como disse Abdias do Nascimento: “A consciência negra é uma construção permanente”.
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