
Com apenas 10 anos de vida útil restantes, a cidade precisa adotar medidas urgentes para evitar crises ambientais e econômicas na gestão de resíduos.
Goiânia, que completará 100 anos em 2033, enfrentou um alerta crítico em sua gestão de resíduos sólidos. O Aterro Sanitário da capital, inaugurado em 1992, está próximo da saturação, com previsão de apenas 10 anos de operação restante. Os especialistas apontam a necessidade de ações imediatas para evitar um colapso no sistema, que poderia gerar graves impactos ambientais, sociais e econômicos.
Atualmente, Goiânia produz cerca de 1,5 mil toneladas de resíduos sólidos por dia. Desse total, 60% são orgânicos, mas a cidade ainda carece de uma política robusta de compostagem. Além disso, a taxa de reciclagem é de apenas 3%, bem abaixo da média de cidades com porte semelhante.
“O aterro sanitário foi uma solução temporária, mas não sustentável. Sem mudanças estruturais, enfrentaremos um colapso ambiental e logístico muito antes do centenário”, afirmou Antônio Pasqualetto, especialista em sustentabilidade urbana e professor da PUC Goiás.
Histórico do aterro e fatores de saturação
Projetado especificamente para 20 anos de uso, o aterro teve sua vida útil através de intervenções técnicas, como ampliação de células e compactação de resíduos. Contudo, o crescimento populacional, que elevou a população de Goiânia de 1 milhão para quase 1,7 milhão em 2023, aliado à falta de investimentos em alternativas sustentáveis, acelerou o esgotamento.
Fatores como a baixa adesão à reciclagem, a ausência de usinas de compostagem e o impacto de grandes geradores de lixo, como hospitais e shoppings, trabalham para a sobrecarga.
Riscos de colapso
Um aterro saturado pode trazer sérios problemas ambientais, como a contaminação do solo e das águas subterrâneas pelo chorume, além da emissão de metano, gás que contribui significativamente para o aquecimento global.
Os custos de uma solução emergencial também são altos. “Transportar resíduos para aterros em outras cidades poderia dobrar os gastos municipais, e construir um novo espaço pode superar R$ 50 milhões”, alertou Pasqualetto.
Soluções possíveis
Especialistas defendem a implementação de estratégias sustentáveis para prolongar a vida útil do aterro e reduzir seu impacto. Entre as principais medidas sugeridas estão:
- Usinas de compostagem: Poderiam processar até 60% dos resíduos orgânicos, gerando adubo para agricultura urbana e reduzindo a quantidade de material enviado ao aterro.
- Aumento da reciclagem: Com maior envolvimento de cooperativas e incentivo à separação de materiais nas residências, a taxa de reciclagem pode crescer significativamente.
- Fiscalização de grandes geradores: Hospitais, indústrias e shoppings devem ser obrigados a gerenciar seus resíduos de forma mais eficiente, com monitoramento rigoroso pelo poder público.
Preparação para o futuro
Com o centenário se aproximando, Goiânia tem a oportunidade de se reinventar em termos ambientais. A modernização do sistema de gestão de resíduos pode transformar o aterro em um modelo de sustentabilidade, desde que haja vontade política e engajamento social.
“Mais para evitar um colapso, Goiânia pode liderar iniciativas inovadoras e se tornar referência em gestão sustentável. O centenário deve ser um marco de transformação e não um símbolo de descaso”, concluiu Pasqualetto.
Agora, resta à cidade enfrentar o desafio de forma estratégica, garantindo que o futuro de Goiânia seja tão promissor quanto seu passado.
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