
Entenda como a busca por padrões de beleza impacta a saúde das mulheres na escolha de próteses mamárias.
As consultas de cirurgia plástica tornaram-se um espaço de reflexão sobre o dilema entre saúde e estética. Pacientes chegam ao consultório com a expectativa de alcançar o corpo de amigas, cujas mamas de 300ml são consideradas modelos de beleza. Mas a pergunta que fica é: você é a amiga? Você possui o mesmo biotipo e a mesma estrutura física? E mais: qual é o impacto real na saúde?
Riscos Associados aos Implantes Mamários
Nos últimos anos, surgiram debates sobre condições relacionadas aos implantes mamários, como a síndrome ASIA e a polêmica “doença do silicone”. A síndrome ASIA (Síndrome Autoimune/Inflamatória Induzida por Adjuvantes) é uma condição em que a exposição a adjuvantes — substâncias que aumentam a resposta imunológica a vacinas e implantes — pode desencadear reações autoimunes e inflamatórias. Embora não existam exames que comprovem essas condições, relatos de cansaço e problemas autoimunes, como o hipotireoidismo de Hashimoto, geram preocupação. Assim, vale a pena colocar um implante que pode não trazer benefícios para a saúde, mas que busca apenas a estética?
Essa questão se torna ainda mais complexa quando se considera a idade das pacientes. Jovens que ainda não atingiram o auge do desenvolvimento mamário e mulheres que sonham em engravidar enfrentam desafios. As próteses, por sua natureza, exigem substituições periódicas, podendo levar a várias cirurgias ao longo da vida. A expectativa de troca a cada 15 ou 20 anos é uma realidade para muitas.

A Busca por Harmonia Estética
A visão estética também merece atenção. Uma prótese, ao ser somada à mama natural, pode gerar volumes desproporcionais. O resultado? Uma aparência que não se encaixa no que muitos consideram “harmônico”. Para alguns cirurgiões, isso reflete um gosto questionável compartilhado entre médicos e pacientes. A busca por padrões de beleza alimentados por ideais da televisão e das redes sociais influencia diretamente essas escolhas, levando jovens a considerar o uso de hormônios para aumentar o volume mamário antes mesmo da transição de adolescente para mulher, sem esperar a maturidade do corpo.
Além disso, a condição dos implantes é uma preocupação constante. A contratura mamária, onde o corpo forma uma cápsula ao redor do implante, pode endurecer e gerar desconforto, levando a novas cirurgias, especialmente se houver dor ou alteração na forma da mama. Assim, a pergunta permanece: vale a pena submeter-se a procedimentos que podem ter repercussões negativas? É um dilema que muitas mulheres enfrentam, frequentemente sem informação suficiente.
Entre aquelas que já passaram pela adolescência e enfrentaram o desafio de viver sem a estética desejada, a busca por um corpo que corresponda a padrões sociais pode gerar angústia. Isso leva a uma crítica à imposição social sobre o volume mamário. Curiosamente, a estética das mamas menores está ganhando novos ares, trazendo à tona uma discussão sobre o que realmente significa beleza.

Abordagem Médica
Cirurgiões adotam abordagens diferentes, como a criação de uma “prótese natural”, que consiste na colocação de tecido mamário sob a capa da mama e da pele, simulando uma prótese. Embora não sejam idênticas às próteses, elas possuem semelhança e algumas vantagens, como a eliminação da necessidade de reoperação para substituição do implante. Esse tipo de prótese se torna mais macia, semelhante à consistência da mama natural, e evita a cicatriz característica da mamoplastia redutora. No entanto, se a paciente não possui volume suficiente, a única alternativa é a inserção do implante. Nesse cenário, a lógica do modismo entra em jogo novamente, especialmente para pacientes que fazem reconstrução mamária após a retirada da mama em casos de câncer.
Hoje, mais do que nunca, o dilema entre saúde e modismo na escolha de implantes mamários se torna evidente. A saúde deve ser a prioridade, sem que isso signifique ignorar a estética harmônica. Não se pode desconsiderar a saúde mental e social das pacientes, que muitas vezes enfrentam pânico social ao pensar em se expor em situações como uma praia ou um churrasco. Essas preocupações merecem atenção e, apesar de todas as questões levantadas, devem ser analisadas com respeito pelo que a pessoa sente, especialmente em relação à pressão social sobre o volume mamário.
Alternativas para a Satisfação
Enquanto isso, pacientes buscam satisfação através de procedimentos que, embora pagos, não garantem resultados positivos. Existem alternativas como o enxerto de gordura mamária, que também traz benefícios e riscos, como a calcificação que pode se assemelhar a um nódulo tumoral. Esse procedimento não funciona em grandes volumes e exige sessões trimestrais ou mais, podendo ter custos semelhantes aos de um implante ou prótese natural. Portanto, tudo deve ser avaliado com critério, pois essa técnica cirúrgica, embora simples e de fácil recuperação, não deixa de ter seus respectivos riscos.
A escolha de optar por um implante deve ser feita com consciência e informação, levando em consideração não apenas o desejo momentâneo, mas também as consequências futuras para a saúde e bem-estar. Afinal, a saúde deve sempre prevalecer sobre a imposição de padrões estéticos efêmeros. A moda é efêmera e cíclica; a saúde não tem preço. Seja consciente e consulte médicos especialistas da SBCP – Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica que tenham referências sólidas, não apenas informações parciais.
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