
Profissionais denunciam precariedade, falta de segurança e ausência de repasses ao INSS; paralisação começa na próxima segunda-feira, 9.
Os médicos credenciados à rede municipal de saúde de Goiânia decidiram paralisar suas atividades a partir da próxima segunda-feira, 9. A decisão foi tomada durante uma assembleia realizada na noite desta terça-feira, 3, onde foram discutidas as condições de trabalho nas unidades de saúde, como Centros de Atendimento Integral à Saúde (CAIS), Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Unidades Básicas de Saúde (UBSs).
A paralisação ocorre em um contexto de extrema precariedade nas unidades de saúde. De acordo com o Sindicato dos Médicos do Estado de Goiás (Simego), os profissionais estão enfrentando dificuldades como falta de medicamentos essenciais, instalações insalubres e insegurança nas unidades. “Sem insumos básicos, a população não recebe o atendimento adequado, e nós ficamos de mãos atadas”, afirmou um médico, sob anonimato, destacando o impacto direto na qualidade do atendimento à população.
Falta de segurança nas unidades
A questão da segurança também tem sido uma preocupação constante para os profissionais. Médicos e pacientes relatam episódios frequentes de violência nas unidades de saúde, o que tem gerado medo e incerteza. “Não é possível prestar atendimento de qualidade quando há risco constante de agressão”, desabafou uma médica que atua em uma UPA.
Além das condições de trabalho, outra reivindicação central é a regularização dos pagamentos atrasados e a falta de repasses ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A ausência desses repasses tem comprometido benefícios e direitos trabalhistas, como aposentadoria e licença médica. “Estamos há meses trabalhando em condições degradantes e sem garantias de que nossos direitos sejam respeitados”, disse um médico participante da assembleia.
Crise na saúde e repercussões da operação comorbidade
A paralisação ocorre em meio à crise generalizada na saúde pública de Goiânia, agravada pela recente prisão do ex-secretário de Saúde Wilson Pollara e de outros dois gestores, durante a Operação Comorbidade, conduzida pelo Ministério Público de Goiás (MPGO). As investigações apontam um esquema de pagamentos irregulares e favorecimento a empresas, que teria prejudicado significativamente a administração dos recursos da saúde municipal.
A situação tem refletido diretamente no atendimento à população, com filas intermináveis nas UTIs e pacientes perdendo a vida à espera de atendimento. O Simego informou que emitirá um comunicado oficial sobre a paralisação ainda nesta quarta-feira, 4, enquanto a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) permanece em silêncio sobre a situação.
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